A Escola Primaria dos Anos 60 ...

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 Naquela altura os rapazes e as raparigas não frequentavam a mesma escola, não existiam turmas mistas. O horário escolar era  sempre das 9h00 às 17h00 e o único recreio era a hora do almoço.Todas as carteiras eram de madeira com os bancos pegados. Os alunos usavam malinhas de couro ás costas para transportar o material escolar e alguma merenda se tivessem posses.O almoço na cantina  da escola davam sopa , pão e uma peça de fruta.

A primeira coisa que faziamos quando entravamos na sala de aula era cantar o Hino Nacional. Todas as salas de aula tinham obrigatoriamente na parede  os três símbolos Nacionais alinhados;a fotografia de Salazar, outra do Presidente Carmona e um crucifixo (o ensino era revestido de uma orientação cristã, ao abrigo de uma Concordata entre o Estado e a Igreja).
Todos usávamos uma bata com um n.º de identificação.

Na escola incutia-se a ordem, o respeito e a disciplina.
Os professores  adoravam aplicar com frequência os castigos corporais.Como a a temida palmatória, mais conhecida como a “menina dos cinco olhos”,além dos castigos com as orelhas de burro,sentados num canto com virados para a parede.

Muitas raparigas não iam à escola, porque os pais achavam que não era preciso elas saberem ler e escrever,pois só precisavam aprender a cuidar da casa, para se tornarem boas esposas e saber cuidar e educar os filhos. Na província a grande maioria das raparigas eram analfabetas porque tinham de trabalhar no campo e cuidar dos irmãos mais novos. O horário da escola na província era de manhã para as raparigas e a tarde era para os rapazes.

As disciplinas dadas eram a Matemática, Historia, Língua Portuguesa; Geografia, Ciências e Religião e Moral.
Os manuais escolares da escola primária mantiveram-se iguais durante décadas e passavam de irmãos para irmãos e de pais para filhos....
Na escola chegavamos a cantar a tabuada,para memorizar e tinhamos que saber, entre outras coisas, o nome de todos os rios, serras e estações de linhas de caminhos-de-ferro Portugueses. Também rezavamos todos os dias ao meio-dia.
Quando se queria ir à casa-de-banho, pedia-se para “ir lá fora”.

Na província os alunos tinham que pedir a bênção ao professor e “beijar a mão” uma vez que também eles eram seus educadores. Em Lisboa tinham de dar os bons-dias em coro ao professor.Davam-nos óleo de fígado de bacalhau, que era um complemento alimentar,mas horrivel de gosto!!!.
Muitos dos nossos idosos ou não chegou a aprender a ler na infância ou não concluíram a instrução primária. Muitos só em adultos concluíram a quarta classe,como meu pai,por exemplo,já que precisava dela para tirar a carta de condução...
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Estes geralmente eram os materiais que mais se usavam,a malinha de couro que levávamos ás costas,o quadro de ardosia com o seu giz,lapis de carvão,reguas e os livros e manuais...
 

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